segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ENTREVISTA CONCEDIDA AO BLOG DO CARLOS SANTOS

Farmacêutico-bioquímico e estudante de Direito, o vereador em primeiro mandato Genivan Vale (PR) é nosso entrevistado de hoje. Saúde pública, Câmara de Mossoró e o papel oposicionista são os principais temas. Nesse bate-papo, Genivan mostra por que é um dos políticos emergentes em Mossoró.
Blog do Carlos Santos – Vereador, o senhor tem-se destacado como parlamentar de oposição numa Câmara que historicamente é muito servil. Como é ser oposição, sem cair em tentação da pura politicalha?
Genivan Vale – Inicialmente gostaria de agradecê-lo pelo elogio de que tenho me destacado como parlamentar de oposição. Com relação à minha atuação o que tenho feito é ser coerente com o que sempre acreditei. Acredito numa sociedade mais justa, mais igualitária e, consequentemente, menos dependente do assistencialismo político que tanto caracteriza nossa cidade. Sei que para termos esta sociedade almejada por tantos, temos que ter uma participação mais efetiva dos entes políticos, e é este grande embate que tenho tido com todos com quem posso ter um minuto de conversa. Não adianta esperarmos a fórmula pronta, perfeita. Temos que fazer nossa parte, e é isto que tenho tentado fazer através do nosso mandato. Acredito que podemos mudar a postura da nossa casa legislativa, que atualmente, não tem nada de casa do povo. Não me deixo levar pelos falsos encantamentos do poder, votando para o povo e com o povo, sem demagogia. Aprovando projetos do governismo, quando estes forem benéficos para a sociedade e criticando e votando contra os que entendemos serem danosos, creio ser este o caminho para não cairmos nesta tentação citada.

BCS – Por sua postura, o senhor se transformou em alvo preferencial de setores da imprensa que seguem orientação e atende aos interesses do governo. Como é conviver com esse modelo de mídia?
GV - Olha Carlos, tenho amigos, vários deles que fazem parte tanto do governo municipal como da imprensa que da sustentação ao mesmo. Com todos tenho tentado ter uma relação de amizade e respeito. Espero que caso acabe a relação de amizade, que fique pelos menos o respeito. Converso com todos, sem exceção, às vezes convenço e às vezes sou convencido. Em nenhum momento tenho faltado com respeito, mas infelizmente tenho visto, com tristeza, o desvirtuamento de informações por parte de alguns que me deixa triste. Pois sempre digo que podem criticar minha atuação, as teses que defendo aceito e aceitarei sempre as críticas ao nosso mandato, mas, não tem como aceitarmos essa mudança de foco por parte de alguns jornalistas. Tenho amigos que dizem para não responder a determinadas matérias, pois sempre irão desvirtuar, escuto, mas faço questão de responder em respeito aos ouvintes, telespectadores ou leitores e espero que eles façam suas análises.

BCS - A repercussão desse modelo de noticiário ganha que dimensão, aos olhos da opinião pública?
GV - O que sei e tenho escutado de muitos é que esse desvirtuamento por parte de alguns jornalistas tem trazido descrédito para muita gente que ler, escuta ou assiste tais veículos. Seria interessante que esses veículos começassem a perceber que o assinante quer fidelidade com ele, e não como ocorre atualmente, onde a fidelidade é com o ocupante do Palácio da Resistência. Quando vemos os jornalistas, mesmo os ligados ao palácio, fazendo o bom jornalismo, isto nos deixa feliz e tenho certeza contribui muito mais para a administração municipal, que ficar tentando incutir na nossa cabeça a idéia de uma cidade perfeita.

BCS – O senhor chegou a ser acusado de querer fechar unidades de saúde, como o São Camilo. O que há de verdade nesse enredo e sobre a política de saúde mental contemporânea?
GV – Não há um pingo de verdade nesta assertiva. Permita-me esclarecer o que aconteceu. Em uma reunião na câmara, que começou errada desde o inicio, pois era pra ser uma audiência publica com participação da população, do Conselho Municipal de Saúde, dos conselhos comunitários, e etc., o senhor Francisco Carlos sempre lamentando a falta de dinheiro, relatou que “gastava muito” (entendo como investimento) com o São Camilo. Falei pra ele que se ele estivesse seguindo as diretrizes do SUS ele não precisaria mais ter aqueles recursos alocados lá, o mesmo então rebateu dizendo que eu era contra a assistência mental municipal e, que, portanto deveria entrar com um projeto de lei proibindo tal assistência. Rebati o mesmo dizendo que ele não iria dar ordens a vereador nenhum naquela Casa, que se ele quisesse dar ordem fosse dar lá na Secretaria da Cidadania. Que estávamos ali pra ajudarmos e que, portanto o mesmo deixasse de tanta prepotência e aceitasse sugestões. A contribuição que queria apresentar segue a Política Nacional de Saúde Mental que pode ser vista por todos no sítio www.saude.gov.br que preconiza um atendimento mais humanizado, ou seja, em vez do isolamento, o convívio com a família e a sociedade. Enfim, falei que a Prefeitura deveria ter mais CAPS que os atuais, deveria construir CAPS 24 horas, Residências Terapêuticas, Ambulatórios e para os casos graves que necessitam internamento, este seria feito nos leitos de hospitais gerais ou nos CAPS 24 horas. Este último item, com certeza é o mais complicado, mas sabemos que é possível basta termos mais empenho e parcerias políticas com o Governo do Estado. Portanto não defendemos o fechamento do Hospital São Camilo, mas acreditamos piamente na política mental do Ministério da Saúde que aplicada na sua totalidade substituirá gradativamente hospitais psiquiátricos de grande porte.

BCS – Sua família tem forte tradição política. O clã Vale moderniza-se com o senhor ou é apenas uma fachada mais nova?
GV – Somos uma família muito grande. Temos membros mais tradicionais e outros mais vanguardistas. Acredito estar falando pela maioria da minha família.

BCS – O perfil do seu mandato parte de orientação partidária, do conceito elementar de oposição ou é uma questão de foro íntimo?
GV – Desde o início do mandato tivemos a preocupação de ouvirmos nossos companheiros de partido, tais como: Marcelo Caetano Batista, Renato Fernandes, Gérson Nóbrega, Pedro Eugênio, Alberto Néo, Seyssa Praxedes, bem como alguns familiares como Joalba, Getúlio, Juarez, Amadeu e Mário Vale dentre outros, e principalmente nosso presidente estadual deputado João Maia. Todos sem exceção nos aconselharam a defendermos a cidade, a sociedade, mesmo que, por vezes, isto desagradasse aos atuais ocupantes do Palácio da Resistência. É isto que temos feito. Muitas vezes já votamos em matérias e projetos enviados pela prefeita por entender que beneficiaria o conjunto da sociedade mossoroense, mas também nos colocamos frontalmente contra quando entendemos que um projeto é maléfico para a cidade.

BCS – O senhor também é servidor municipal com atuação na delicada área da Saúde. Que avaliação o servidor Genivan Vale faz dessa política de saúde pública em Mossoró?
GV – Já disse em outras oportunidades que temos uma estrutura física superior a muitas cidades, inclusive superior a nossa capital. Mas entendemos que não adianta termos um lindo prédio e não termos uma boa assistência à saúde, e infelizmente é o que estamos tendo agora. Estão se preocupando muito com a beleza arquitetônica e estão esquecendo o primordial, que é o material humano e as condições de trabalho. Temos assistido com preocupação a falta de respeito da atual gestão, em especial, do senhor Francisco Carlos para com os funcionários. Todo dia recebo gente em nosso gabinete com problemas. São pessoas que deixaram de receber parte do salário, que não podem tirar férias e etc. O mais chato e irritante é vermos vários pais e mães de família que tiveram grandes perdas salariais e que estão com dificuldades muitas vezes alimentar. Lembro perfeitamente de uma agente de endemias que estava na penúltima reunião que participei lá no Palácio da Resistência, que ao entrarmos neste assunto da pauta, retirou-se chorando. Esta senhora é mãe de duas filhas e vive sem o marido, sendo, portanto arrimo de casa como costumamos dizer aqui no Nordeste. A mesma ganhava R$ 602,00 e lhe foi retirado R$ 136,00 do auxílio transporte. Pedi sensibilidade ao Francisco Carlos e este me disse que a palavra sensibilidade na minha boca era muito fácil, muito plástica. Além da questão salarial, temos outros problemas mais graves ainda tais como: exercício ilegal da medicina, UPA’S funcionando sem registro, falta de medicamentos simples em algumas UBS, enfim são vários problemas que estão relatados em um relatório que fiz e que esta subsidiado por alguns profissionais, bem como pela nota de repúdio da classe médica e pelo conjunto de conselhos comunitários e que será entregue nesta próxima semana ao senhor Francisco Carlos.

BCS – Caso seu partido passe a se compor com o DEM da prefeita Fátima Rosado (DEM), como será a postura do vereador Genivan Vale a partir dessa hipotética mudança de lado?
GV - Sou um Homem de partido, caso o PR venha a apoiar a atual administração municipal não terei nenhum problema, pois como tenho dito sempre, tenho feito uma oposição retilínea, ética, sem açodamentos e radicalismos. Portanto não tenho problemas pessoais com nenhum membro da atual gestão. Temos tido embates duros, porém, respeitosos com o secretário da Cidadania, mas acho isso normal e salutar. È muito importante o contraditório, infelizmente entendemos que isto causa algum desconforto a membros do governismo. Não mudaremos nossa postura em nenhum momento, mesmo que o partido caminhe para o situacionismo. Esperamos que este entenda e respeite o papel do vereador. Caso não entendam ou não aceitem ai terão que nos expulsar da base, tal qual fizeram com o Jório. Pois não deixaremos de contestar ou tentarmos contribuir. Não entra no meio perfil o vereador lagartixa, que somente balança a cabeça.

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