Qual o destino de boa parte dos votos do chamado “formador de opinião”, nas eleições a vereador em Mossoró?
O formador de opinião – segundo as
ciências sociais – é uma pessoa que tem a capacidade de influenciar e
modificar a opinião de outras pessoas nos campos político, cultural,
social, esportivo etc. São indivíduos com certa autonomia e que buscam –
também na política – quem os represente.
Genivan: cabeça a prêmio no governismo
A Câmara Municipal de Mossoró elegeu
pelo menos três nomes com esse perfil nas eleições de 2008. Eles foram
escolhidos, em grande parte, por segmentos da classe média mossoroense
que desejavam um representante com capacidade de articulação, base moral
e preparo à discussão de grandes temas do interesse público.
Em meio aos 13 eleitos da atual
legislatura que vai ser concluída no próximo dia 31 de dezembro, a
professora Niná Rebouças (DEM), a bacharela em direito Cláudia Regina
(DEM) e o farmacêutico-bioquímico Genivan Vale (PR) emergiram com esse
amparo. Tiveram muitos votos de classes menos abastadas, mas não a
maioria.
Dos três, Genivan é o único que
concorrerá à reeleição. Niná faleceu no exercício do mandato, Cláudia é
candidata a prefeito pelo governismo.
Genivan tenta a reeleição em meio a
consideráveis dificuldades. É um nome a ser derrotado pelo governismo, a
qualquer preço e custo. Provocou a ira dos donos do poder, grupo
comandado pelo agitador cultural Gustavo Rosado (PV), chefe de Gabinete
do Município, considerado o prefeito de fato.
Filiado ao Partido da República,
Genivan foi eleito em 2008 pela oposição e, apesar das dificuldades e
dos convites para fazer parte da bancada governista, permanece entre os
escassos oposicionistas na Câmara Municipal.
Paga um preço altíssimo pela chamada “coerência”. Não caiu na tentação do “canto de sereia” do governo.
Para complicar sua sobrevivência para
novo mandato, ainda foi obrigado pelo comando estadual do seu partido a
fazer parte da coligação governista na campanha em andamento. Na marra.
Decisão de cima para baixo, para atender a conveniências que estão longe
dos interesses municipais.
Rebelou-se contra a imposição e conseguiu, a duras penas, garantir sua candidatura no palanque adversário.
Seu desembarque no governismo era mesmo
uma anomalia. Não teria discurso nem o respeito dessa classe média mais
atenta e questionadora. Passara todo o mandato como combativo
oposicionista, apontando falhas na gestão municipal, fiscalizando suas
atividades e apresentando matérias de interesse público, que irritaram
Gustavo e sua trupe.
Nesse período, ele foi alvo de campanhas
difamatórias bancadas pelo governismo, que aparelhou setores da
imprensa convencional e em redes sociais para “queimá-lo”. Chega à
campanha ainda sob fogo-cerrado, mas agora de forma mais dissimulada e
nos subterrâneos.
A ordem no Palácio da Resistência é
“deselegê-lo” a qualquer preço e custo. Recursos e meios nem sempre
republicanos passaram a ser empregados na tarefa.
Nogueirão
Em episódio recente, o vereador Genivan
modificou e conseguiu aprovar artigo da lei que regulamenta a abertura
de mais postos de combustíveis em Mossoró, contribuindo, assim, com o
aumento da oferta do produto e lançando base para a livre concorrência.
Havia um lobby endossado pelo governismo para derrubada de seu projeto.
Seu papel fiscalizador quanto à Saúde Pública, uma especialidade sua, também irritou o governo.
O mesmo vereador criou ainda mal-estar
com o esquema governista no Estado, quando integrou comissão em busca de
solução para as dificuldades de funcionamento do Estádio Nogueirão.
Defendeu permuta desse equpamento
esportivo por um novo, com recursos totalmente da iniciativa privada,
quando o esquema da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) desmanchou a
ideia e prometeu reformar o Nogueirão antes do Campeonato Estadual deste
ano. A competição terminou e nada foi feito. Nem uma “carrada” de
arisco foi posta no local.
Agora, em plena campanha, a mesma
governante apresenta uma maquete e projeto de restauração do estádio, ao
custo de quase R$ 40 milhões com verba pública.
À época em que a proposta de permuta
estava bem avançada, inclusive com apoio do Ministério Público, a
imprensa ligada à governadora afirmava que iriam ser investidos R$ 8
milhões.
Como houve repercussão negativa devido
crises na Saúde e Segurança Pública, por exemplo, a própria Rosalba
tratou de negar a informação. Desmentiu seus próprios porta-vozes. No
calor de uma campanha municipal dramática, ela queima a própria língua
com cifras ainda mais superlativas para um empreendimento sem data para
começar ou ser concluído. É mera peça de propaganda eleitoral
subliminar.
Enfim, pode ser dito que Genivan não é o queridinho do governo municipal. Também não morrem de amores por ele na Governadoria.
Sua cabeça está a prêmio.
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